Domingo à tarde. Almoço de família. Depois das 17 sobremesas finalmente chegamos ao sofá. As crianças brincam e gritam ao nosso redor. Umas torturam animais de estimação, outras incendeiam os cortinados. Da cozinha ouvem-se os gritos de protesto “Vocês são uma merda! Em vez de nos ajudarem a arrumar, vão directos para o sofá.” A TV bloqueada na SIC. O controlo remoto longe do alcance dos braços. Enquanto termino a minha água com águas na esperança de uma digestão pacífica, lá está ela. Como nos tem habituado aos domingos à tarde, Cameron Diaz em cuecas…
Cameron Diaz tem vindo a interpretar o mesmo personagem em incontáveis comédias românticas, vulgo “filme de gaja”. É o personagem que interpreta, por exemplo, no Charlie’s Angels. Uma loira desinibida, danada para a brincadeira, com tendências sexuais amplas que podem muito bem envolver dois jovens garanhões em simultâneo ou uma colega de trabalho, e com uma tendência incontrolável de andar de cuecas no ecrã. Eu não tenho nada contra isso, muito pelo contrário. Mas será suficiente recompensa para aguentar os usuais 100 minutos de clichés e templates de um filme que já vimos 1000 vezes?
Claro que não. Além desta natureza explosiva, selvagem e adorável, Diaz não tem mais nada de útil para contribuir à sétima arte. E prova disto é este “What Happens in Vegas” que é tão horrível que nem das partes em que estive acordado me lembro. Mas basta ver a capa do filme para perceber que é um casal que tem as suas tropelias cómico-românticas que vêem a sua relação a ser aprofundada involuntariamente e no final, depois de uma violenta briga, ficam juntos para sempre. Ou até um deles apanhar o outro com o padeiro/senhora da limpeza (ou ambos).
Isto para dizer o quê? Poupem-nos de mais comédias românticas com a Cameron Diaz. Aliás, poupem-nos de mais comédias românticas. E a todos aqueles que dizem que não somos obrigados a ver, que podemos simplesmente ignorar a sua existência para continuar pacificamente a nossa vidinha eu digo: “Pau no cu!” Quem quer beijinhos, abraços, contacto sexual e uma ou outra ocasional badalhoquice extra do sexo oposto sabe que tem que gramar a agonia da comédia romântica de tempos a tempos.